sábado, 15 de dezembro de 2007

QUESTÕES TRABALHADAS EM AULA

UFRJ) 2005

“Sem dúvida o meu aspecto era desagradável, inspirava repugnância. E a gente da casa se impacientava. Minha mãe tinha a franqueza de manifestar-me viva antipatia. Dava-me dois apelidos: bezerro-encourado e cabra-cega. Bezerro-encourado é um intruso. Quando uma cria morre, tiram-lhe o couro, vestem com ele um órfão, que, neste disfarce, é amamentado. A vaca sente o cheiro do filho, engana-se e adota o animal. Devo o apodo ao meu desarranjo, à feiúra, ao desengonço. Não havia roupa que me assentasse no corpo: a camisa tufava na barriga, as mangas se encurtavam ou alongavam, o paletó se alargava nas costas, enchiase, como um balão. Na verdade o traje fora composto pela costureira módica, atarefada, pouco atenta às medidas. Todos os meninos, porém, usavam na vila fatiotas iguais, e conseguiam modificá-las, ajeitá-las.
Eu aparentava pendurar nos ombros um casaco alheio. Bezerro-encourado. Mas não me fazia tolerar. Essa injúria revelou muito cedo a minha condição na família: comparado ao bicho infeliz, considerei-me um pupilo enfadonho, aceito a custo. Zanguei-me, permanecendo exteriormente calmo, depois serenei. Ninguém tinha culpa do meu desalinho, daqueles modos horríveis de cambembe. Censurando-me a inferioridade, talvez quisessem corrigir-me. (RAMOS, Graciliano. Infância.
Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 144)

Questão 7)
Os vocábulos desagradável, desarranjo, desengonço,utilizados no texto III, apresentam um elemento morfológico comum quanto ao processo de formação de palavras.

a)Identifique e classifique esse elemento.
b) Explicite a relação entre o significado desse elemento e a caracterização física do narrador.




UFRJ 2007) O vocábulo ex-cineclubista resulta da aplicação de quatro processos de formação de palavras. Identifique-os, valendo-se de elementos constitutivos desse vocábulo.

MORFOLOGIA

MORFOLOGIA:

MORFEMA: Menor unidade significativa da Língua.

Morfemas Lexicais: Radical: Significação Externa na Língua

Morfemas Gramaticais: Significação Interna na Língua: Desinências, afixos, vogais temáticas, vogal e consoante de ligação.

Desinência: Morfemas flexionais: Indicam gênero e número para nomes (substantivos e adjetivos) e pronomes; indicam número e pessoa e modo para os verbos.

Vogal temática: Verbal ou nominal; marca uma classe de palavra e serve de apoio para a flexão.

Vogal e Consoante de Ligação: Sem significação nenhuma. Serve para a formação de palavra. Ex: Café + eira= cafeTeira.

Afixos: Morfemas derivacionais: Sufixos ou prefixos: Grau, formação de advérbio (mente), etc.

FORMAÇÃO DE PALAVRAS:

DERIVAÇÃO: Formação de palavra a partir de uma já existente: Prefixal, sufixal, parassintética, imprópria, regressiva, abreviação.

Prefixal: Adição de uma estrutura antes do radical (prefixo): a (prefixo de negação) + político= apolítico.

Sufixal: Adição de morfema depois do radical (sufixo): casa + inha= casinha

Parassintética: adição simultânea de sufixo e prefixo: des + alma + do = desalmado

Imprópria: mudança de classe gramatical da palavra: “o quê da questão”.

Regressiva: Retirada de alguma estrutura do vocábulo. Deverbais: Gritar – Grito

Abreviação: Redução de palavras. Fotografia – Foto


COMPOSIÇÃO: Formação de palavras a partir da junção de dois vocábulo:

Justaposição: Não há perda de estrutura: Beija-flor

Aglutinação: há perda de estrutura: planalto= plano+alto

TESTE

TESTE DE FÉRIAS DE PORTUGUÊS:

Questão 1) Leia a piada reproduzida a seguir:
Vinha o motorista dirigindo o seu carro, quando se deparou com uma placa de sinalização:









Imediatamente, ele acelerou o seu veículo. Logo depois, voltou a pé para o local da placa e nela escreveu, para corrigi-la:



Como muitas piadas, esta se baseia em um equívoco.
O comportamento do motorista que explica mais adequadamente o efeito cômico da piada é:
(A) voltar a pé ao local da placa para efetuar uma correção
(B) ler a mensagem da placa como uma ordem para acelerar
(C) corrigir a mensagem da placa para retificar informação incompleta
(D) imprimir maior velocidade ao carro para escapar dos quebra-molas


Questão 2)








Na tira de Ziraldo, os personagens mudam de atitude do primeiro quadrinho para o segundo.
Pelo terceiro quadrinho, pode-se deduzir o que não está escrito: um pensamento teria provocado
a mudança.
Esse pensamento poderá ser traduzido como: “E se os caras dentro do espelho...
(A) ... estivessem rindo deles?”
(B) ... fossem reais e eles o reflexo?”
(C) ... pudessem trocar de lugar com eles?”
(D) ... duvidassem da realidade do mundo?”


Questão 3)


Na charge de Raul, composta por título, desenho e legenda, há vários contrastes.
O contraste que melhor reforça o título da charge é:
(A) um senhor de fraque e chapéu olha um mendigo
(B) um homem e um cão disputam o mesmo alimento
(C) um mendigo com fome faz uma frase polida e formal
(D) o cão faminto olha para o mendigo e não para o osso


Questão 3)


A amiga da Mafalda faz uma confusão. De onde vem o efeito cômico dos quadrinho?

Use o texto abaixo para responder às questões 4) e 5)


ACALANTO DO SERINGUEIRO
(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo: Livraria Martins, 1980.)
Seringueiro brasileiro,
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.
Ponteando o amor eu forcejo
Pra cantar uma cantiga
Que faça você dormir.
Que dificuldade enorme!
Quero cantar e não posso,
Quero sentir e não sinto
A palavra brasileira
Que faça você dormir...
Seringueiro, dorme...
Como será a escureza
Desse mato-virgem do Acre?
Como serão os aromas
A macieza ou a aspereza
Desse chão que é também meu?
Que miséria! Eu não escuto
A nota do uirapuru!...
Tenho de ver por tabela,
Sentir pelo que me contam,
Você, seringueiro do Acre,
Brasileiro que nem eu.
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.
(...)
Mas porém é brasileiro,
Brasileiro que nem eu...
Fomos nós dois que botamos
Pra fora Pedro II...
Somos nós dois que devemos
Até os olhos da cara
Pra esses banqueiros de Londres...
Trabalhar nós trabalhamos
Porém pra comprar as pérolas
Do pescocinho da moça
Do deputado Fulano.
Companheiro, dorme!
Porém nunca nos olhamos
Nem ouvimos e nem nunca
Nos ouviremos jamais...
Não sabemos nada um do outro,
Não nos veremos jamais!
(...)
Nem você pode pensar
Que algum outro brasileiro
Que seja poeta no sul
Ande se preocupando
Com o seringueiro dormindo,
Desejando pro que dorme
O bem da felicidade...
Essas coisas pra você
Devem ser indiferentes,
Duma indiferença enorme...
Porém eu sou seu amigo
E quero ver si consigo
Não passar na sua vida
Numa indiferença enorme.
Meu desejo e pensamento
(... numa indiferença enorme...)
Ronda sob as seringueiras
(... numa indiferença enorme...)
Num amor-de-amigo enorme...
Seringueiro, dorme!
Num amor-de-amigo enorme
Brasileiro, dorme!
Brasileiro, dorme.
Num amor-de-amigo enorme
Brasileiro, dorme.
Brasileiro, dorme,
Brasileiro... dorme...
Brasileiro... dorme


Questão 4) A dificuldade a que se referem os versos acima é resultado das diferenças regionais e culturais que distanciam o seringueiro do eu poético.
Dos versos abaixo, aqueles que melhor expressam essa distância percebida e revelada pelo eu
poético são:
(A) “Seringueiro brasileiro, / Na escureza da floresta / Seringueiro, dorme.” (v. 1 - 3)
(B) “Tenho de ver por tabela, / Sentir pelo que me contam,” (v. 20 - 21)
(C) “Desejando pro que dorme / O bem da felicidade...” (v. 48 - 49)
(D) “Seringueiro, dorme! / Num amor-de-amigo enorme / Brasileiro, dorme!” (v. 62 - 64)[

Questão 5) Ao longo do poema, reafirma-se aquilo que diferencia o poeta e o seringueiro, o que, entretanto,
não impede o reconhecimento de uma relação comum entre eles.
Nos versos 28 a 36, esse traço comum se revela por meio de:
(A) história de vida
(B) atuação como cidadãos
(C) condição de explorados
(D) conhecimento de História


Use o texto abaixo para responder à questão 6)




Questão 6)
a) Qual o efeito pretendido pelo narrador ao utilizar,
ironicamente, o termo sabidórios?
b) Que outro termo, derivado do mesmo radical de
sabidório, poderia ser utilizado, sem prejuízo do efeito
pretendido pelo narrador?

Use o Texto abaixo para responder à questão 7


Questão 7) O texto “Happy end” – cujo título (“final feliz”) faz uso de um lugar-comum dos filmes de amor – constrói-se na relação entre desejo e realidade, e pode ser considerado uma paródia de certo imaginário romântico.
Justifique a afirmativa, levando em conta elementos textuais.




Use to texto abaixo para responder à questão 8)
Motivo - Cecília Meireles



Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Questão 8) a)Relacione o título com o poema em si.
b) Há certeza no poema? Retire do texto uma passagem que comprove essa afirmação



Use o texto abaixo para responder às questões 9 e 10

Guardador de Rebanhos POEMA XX : Fernando Pessoa:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. (...)
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe disso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio de minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se ao Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Questão 9) Qual a relação que o autor estabelece entre o rio de sua aldeia e o Tejo?

Questão 10) Retire do texto dois substantivos, dois adjetivos, um pronome, uma preposição e um advérbio.


Questão 11 e 12)



11) A mãe de Cascão conseguiu seu objetivo, Por quê?

12) Como ela deveria ter falado com o filho?